terça-feira, 17 de junho de 2008

PARADOXAL

Teu querer te conduz ao meu abraço,

Mas teu medo te impede de voar.

leve, livre no ar, solta no espaço,

te atraio como a lua atrai o mar.

Incongruente, teu desejo pelo toque

Pelo gosto, pelo cheiro da minha pele

Te dói como ferida aberta e calcinada.

O que mais te atrai em mim, mais te repele:

minha confessa liberdade e despudorada entrega.

Quiseras ser meu dono, mas não o quiseras

Porque se o fosses eu teria deixado de ser eu

e deixarias de desejar-me.

Teu desejo baseia-se no não ter-me,

no ter nunca certeza alguma a meu respeito

exceto o momento em que entre soluços, palavras e espasmos desconexos

teu sexo encontra-se em meu sexo

e nossos olhos, em algum ponto do infinito. (2001

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